Ele estava tomando banho quando a esposa entra e lhe dá um frasco de perfume. No momento, ele não presta muita atenção, até deixa o frasco cair no cesto de roupas sujas. Ela, aborrecida pelo descaso do marido, sai e analisa a atitude dele. Não se conforma. Vaidoso e sempre atraído por essências; como teve essa reação de indiferença?  Por mais que pensasse, não conseguia entender tal procedimento. O que houve? Onde errei? O que se passa em seus pensamentos?
Após se vestir, Antonio pergunta:
–– Onde está aquele frasco que você me deu?
–– Não sei, você não sabe onde colocou?
–– Não.
–– Puxa! Eu escolhi com tanto carinho e você nem deu atenção!...
–– Lógico que dei. É que naquele momento meus pensamentos estavam voltados pro nosso filho.
–– Não acredito!
–– Como? Você não sabe? Ele anda saindo com aquele moço meio delicado... Estou quebrando a cabeça para encontrar uma maneira de conversar com ele.
–– Esse mundo anda mesmo muito mudado. Eu procurando saber o que há com você por descuidar do meu presente, e você preocupado com a companhia do nosso filho.
–– Não fique chateada querida; vou procurá-lo e ver se a fragrância desperta em você um pouco mais de cuidado com nosso menino.
–– Não foi esse o motivo que me levou a comprá-lo.
–– Entendi sua intenção, contudo precisamos falar com Roberto, e urgente!
–– Pois bem, dê aquele frasco para ele.Talvez assim você consiga iniciar a conversa franca que tanto deseja.
–– Essa é uma ótima idéia. Quando ele chegar entregarei o presente.
Ao receber o frasco, o filho encara o pai. Fica um pouco indeciso, abre, sente o perfume... E desabafa:
–– É hoje que a Mônica não vai resistir!
–– Que bom, meu filho! Sua mãe de fato acertou na fragrância. Então se apresse!